quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Conclusão

Todo o processo, que agora estou a terminar, é fruto de situações muito diversificadas que, de formas diferentes, têm marcado a minha vida ao longo, não direi dos meus 52 anos, mas entre 47 a 48 anos da minha vida pessoal.
Lembro, com bastante clareza, episódios que foram marcantes para mim, a partir dos meus 5º e 6º anos de idade.
Quem me conhece, sabe que os episódios que tentei descrever neste trabalho e que tanto me marcaram, não são fruto do meu imaginário, mas sim das vivências que tenho tido ao longo da minha vida.
Já anteriormente referi esta situação mas volto a salientá-la. As maiores dificuldades que tive foram no anterior processo de equivalência ao 9º ano de escolaridade. Todos os trabalhos que apresentei neste Portefólio, não teriam sido possíveis sem a experiência anterior. Assim, penso que este conjunto de documentos terá sempre de ser visto e analisado como a continuidade do trabalho anteriormente feito, (para mim será o capítulo dois do RVCC).

Este processo vivido desde Agosto de 2006, foi-me muito mais acessível. Tinha mais treino nos textos escritos, logo o Português melhorado, mais experiência a nível do trabalho escrito no computador, maior facilidade de pesquisar na Internet, maior capacidade de leitura, análise e selecção do essencial.
Se é verdade que durante longos anos sempre tive um grande gosto pela leitura (ainda me recordo de ir quinzenalmente à carrinha da Fundação
Calouste Gulbenkian, que ia à minha aldeia, levantar livros para ler, à luz do candeeiro a petróleo), também é verdade que, nos últimos anos, já tinha “parado” de ler regularmente. O processo do RVCC fez ressurgir o gosto pela leitura. Até o “Pai Natal” soube disto, tanto que me deixou dois livros no sapatinho!...
A nível de aprendizagem este processo levou-me a ter formação em Excel e em Inglês nível I. Considerei que estas aprendizagens eram fundamentais para iniciar o 12º ano.
Após o RVCC pretendo prosseguir a formação em Inglês, frequentando cursos de níveis mais aprofundados.
Desta vez vou ser vaidoso e afirmar que considero a minha prestação global bastante boa. Alguns trabalhos, nomeadamente o referente às lutas dos operários vidreiros, embora sejam fruto de uma realidade fortemente marcante na minha vida pessoal, são também uma homenagem a esta terra, com enormes tradições de luta, tanto pela Democracia, como por melhores condições de vida.
A minha vida profissional encontra-se numa encruzilhada. Tenho de seguir dois caminhos paralelos, mas muito diferenciados.
Um dos caminhos está a tornar-se um beco sem saída. É do conhecimento geral: a crise que atravessa o sector do vidro manual, (sector da cristalaria), com reflexos negativos na minha profissão. A este nível o processo do RVCC nada irá mudar.
O outro caminho pode ser mais risonho, quer a nível do artesanato em vidro, quer a nível da formação profissional. Nestas situações tenho a certeza que este processo ainda pode ser muito importante na minha vida. Mas, o mais importante, é a nível pessoal. Tenho-me sentido mais dinâmico e interessado em tudo o que me rodeia e estou inserido. O meu “EU” está mais forte e rejuvenescido.
As competências que quero e vou conseguir adquirir estão ligadas à minha actividade profissional: “sempre o vidro a comandar a minha vida, mas sem ele não sei viver”.
Tenciono este ano candidatar-me ao Colégio dos Mestres Vidreiros, adquirir a carta de artesão vidreiro, frequentar, como anteriormente referi, mais níveis de Inglês, até para poder, em situações que já me têm sido colocadas, estar à altura das exigências.
Sou um dos milhares de Portugueses que têm contestado a política económica, de saúde e obras públicas, seguida pelo governo do Partido Socialista, chefiado pelo Eng. José Sócrates, mas também é verdade que, ao lançar esta iniciativa das Novas Oportunidades, o senhor Primeiro-Ministro está a possibilitar a muitas centenas de milhares de Portugueses, certificar competências com base na própria experiência profissional e pessoal. Ou seja, nem tudo é mau, politicamente falando.
Logo no processo do 9º ano considerei a experiência óptima. Ao concluir a parte final desta nova etapa, continuo a afirmar que foi muitíssimo interessante toda a experiência vivida.
Por último, apenas quero afirmar que esta vivência, na qual tentei dar o meu melhor, só foi possível pelo acompanhamento feito pelos formadores de todo o
processo de RVCC. A todos eles, neste momento, não seria elegante da minha parte individualizar algum, apenas quero dizer, muito, muito obrigado!
Se me for permitido gostaria de dedicar este meu trabalho à Marinha Grande e a todos os vidreiros desta maravilhosa terra, reconhecidos e homenageados no poema de Francisco Moita que a seguir apresento.
Este é o meu profundo sentimento e continuarei a dizer: “O vidro é a alma da Marinha Grande”.

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