quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O vidro na Europa Central

Os historiadores que, ao longo dos séculos, têm investigado o percurso do vidro, atribuem às cruzadas um papel muito importante, na divulgação, das técnicas do fabrico de objectos em vidro na Europa, sendo os cruzados os responsáveis pela chegada do vidro, nomeadamente a Veneza, nos séculos X e XI.
Durante a Idade Média a produção de artigos em vidro impôs-se um pouco por toda a Europa, o que originou, em alguns países, a criação de regiões que são conhecidas mundialmente pelos seus vidros, nomeadamente:
- Itália, Veneza e os vidros de Murano.
- Rep. Checa, Cristais da Boémia.
- Portugal, Marinha Grande.
Na investigação realizada, descobri uma informação que me pareceu interessante e que apresento a seguir:
No século XIII e devido aos incêndios que costumava haver em Veneza, por um lado, e para evitar que os seus mestres vidreiros fossem contratados para trabalharem noutros países, por outro, todos os fornos de vidro que existiam em Veneza, foram transferidos para a ilha de Murano.
Os artesãos/vidreiros, que iam trabalhar para a ilha de Murano, ficavam confinados a ela para o resto das suas vidas. Esta medida foi tomada para assegurar que os segredos da fabricação do vidro não fossem divulgados noutros países, chegando a haver vidreiros condenados à morte como traidores, assim como as suas famílias.
O vidro de Murano ficou famoso pela sua elevada transparência e pelas suas belas cores. Foi em Murano que o vidro artesanal teve um grande desenvolvimento até aos dias de hoje, mantendo a sua produção dependente do trabalho manual.
Um dos tipos de vidros mais famosos de Murano, são os Millefioris, que no essencial são várias camadas de vidros de várias cores sobrepostas.
A Boémia, a França, a Inglaterra e mais tarde Portugal, começaram a copiar aos poucos as técnicas utilizadas em Murano.
No século XVI, a Boémia começou a ser um dos maiores produtores de vidro na Europa, O seu vidro, uma mistura de, potássio e pedra calcária, tinha uma grande transparência, o que permitiu que se começasse a gravar e a lapidar o mesmo.

O vidro Doublé é um vidro clássico também da Boémia. As peças Doublé são compostas por duas camadas de vidro, a interior transparente, a exterior colorida. Ao serem lapidadas sobressai a decoração pretendida, sob um fundo transparente.

Quase todas as empresas Checas se situam na região de Jablonec.
Por volta de 1670 foi criado, em Inglaterra, o Cristal de chumbo. Foi seu criador George Ravenscroft. Com este novo tipo de vidro conseguiu-se uma grande transparência e brilho, o que tornou mais interessantes e valiosas, tanto a lapidação, como a gravação de peças de cristal.
A partir do século XVIII, o vidro começou a seguir dois percursos diferentes.
O artístico/artesanal, em que a componente manual é fundamental.
O utilitário, produzido em larga escala, com o apoio de tecnologia, nomeadamente o prensado.
No século XIX, o Norte-americano, Deming Jarves, começou a fabricar objectos em vidro prensado, com moldes em relevo.

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